sexta, 09 fevereiro 2018 21:24

Recap da música electrónica

Um novo ano começou e aceitei, mais uma vez, o convite da 100% DJ para deixar alguns artigos de opinião para os leitores/utilizadores deste portal que tem prestado um serviço de informação isento e de qualidade sobre a indústria da música electrónica em Portugal. 

Não tenho a presunção de achar que sou um conhecedor profundo ou um "visionário" do que se irá passar no futuro mas lanço o desafio a quem não leu artigos de opinião anteriores e publicados neste portal para que percebam um pouco que há sinais que surgem e que quem trabalha neste meio consegue sentir e prever mudanças e que na altura foram alvo de imensas críticas. 

Tive o privilégio de assistir ao início do aparecimento da música electrónica em Portugal e aos primeiros DJs que ousaram agarrar nos "martelinhos" e fazer uma carreira. Sinto a tristeza inerente de ter visto muitos deles desaparecer devido ao aparecimento das novas tecnologias, ao "facilitismo" da produção musical onde tudo passou a ser "informatizado" e as "máquinas" foram metidas para um canto e onde um PC, um teclado e uns programas informáticos bastam para que saia uma obra musical. 

Na ultima década assistimos a uma autêntica "epidemia" de novos DJs e produtores musicais que julgaram que tinham encontrado o "El Dorado" na música electrónica. 

Deixo uma pergunta: 
- Onde estão 80% desses DJs que apareceram do nada e desapareceram mais rápido do que surgiram?

Poucos, muito poucos, são os DJs que surgiram nos últimos cinco anos e que continuam no mercado. Apenas permaneceram aqueles que souberam adaptar-se às mudanças (leiam os artigos anteriores que mencionei) e outros que souberam profissionalizar-se. Continuamos a ter os "velhinhos" e aqueles que fizeram uma carreira (mais de 10 anos no mercado) como referência e a manterem a indústria em movimento por um único motivo... quiseram uma carreira e deram atenção ao mais importante - A Música. 

A música electrónica (seja qual for o estilo) não é diferente de outro tipo de música qualquer. Tivemos o "boom" da Kizomba e assistimos à sua queda. Temos agora o Hip Hop em alta  e que está a cometer o mesmo erro que a Kizomba. Tenho a certeza que daqui a uns anos vamos todos olhar para trás e só conseguimos lembrar-nos de meia dúzia de nomes que marcaram estes estilos e que vão continuar no mercado no futuro. Façam esse exercício para a Kizomba e vejam se conseguem dizer 10 nomes de artistas portugueses ou que estivessem no mercado português, quando foram mais de uma centena que percorreram palcos e clubes deste país. 

A música electrónica sofreu (está a sofrer) o mesmo "problema". Está a haver a triagem natural do mercado. Quer pela qualidade, quer pela "oferta vs procura". 

Olhem para esta indústria como um negócio, para vocês como um produto e para música como arte. Só assim poderão ter sucesso. Querer vender arte (leia-se múisica) sem a divulgar, dificilmente haverá quem a queira comprar. Tenham um produto (leia-se DJ + Música) que seja apetecível ser adquirido e para isso é preciso olhar para a indústria como um negócio. 
Se não pensares desta forma ou quiseres apenas ser "um artista", lembra-te que os maiores artistas só tiveram reconhecimento depois de falecerem... 
A escolha é tua...
 

Ricardo Silva
DWM Management
Publicado em Ricardo Silva
terça, 12 agosto 2014 23:01

Preguiça...

Olá a todos os leitores, colegas cronistas e a toda a equipa da 100% DJ. Espero que, dentro do que tem sido possível, o Verão esteja a correr da melhor maneira a todos.
 
Peço imensa desculpa pelo meu atraso de 12 dias, mas foi-me completamente impossível arranjar um tempo para poder divagar e partilhar convosco os meus pensamentos mais cedo. Decidi então fazê-lo hoje, aproveitando o facto de ter terminado o "mais electrónico festival de sempre em Portugal" no domingo e deixando passar segunda-feira, dia de rescaldo e reacções. 
 
Não sei se foi só nas minhas redes sociais que 80% das pessoas que por lá "habitam" manifestaram uma certa desilusão, mas que foi algo patente, foi. Não pelo cartaz, não pelos espectáculos, mas pela "repetição" dos mesmos. 
 

Há mais de 20 anos que ficou provado que a musica electrónica era o futuro (...)

 
Já de algum tempo para cá que muitos artistas ligados à música de dança, "criticam" ou referem a preguiça das novas "Rock Stars". A insistente playlist de 10/15 músicas que estes DJs tocam show após show, uns atrás dos outros, chega a ser de arrepiar. É incrível, como um artista que tem milhares de pessoas à frente dele, não tem "coragem" de arriscar, de surpreender, de se querer destacar dos demais. Sinceramente, achei por exemplo, o main stage desta edição do Tomorrowland uma verdadeira desilusão. Músicas mais que massacradas, com mais de ano e meio levadas à exaustão na edição do ano passado, tocadas de novo, "over and over again"
 
No Sudoeste, do pouco que vi - mais do mesmo. Acho lamentável, pois, ao contrário das bandas, que precisam de meses de ensaios para actuar em palco, um DJ tem a semana toda para chegar e surpreender. E muito menos desculpas de falta de tempo ou estúdio, pois sabemos que hoje em dia, duas horas de espera num aeroporto, dá para fazer muita coisa, nem que seja para surpreender o público, com um "simples" portátil bem artilhado. A questão é que estão preguiçosos. Pura e simplesmente. Sabemos que a indústria quer que se consuma estes artistas, mas acho, na minha humilde opinião, que têm que rapidamente começar a fazer mais, muito mais.
 
Quando me dizem que um espectáculo do Calvin Harris (que durante duas horas mistura produções suas) é o equivalente a um concerto de uma banda, é, uma comparação ridícula. Se em palco ele tocasse os diversos instrumentos (acompanhado ou não), se tivesse os cantores, se fosse realmente música tocada, isso era outra história, e sim, podíamos chamar de concerto, que inexplicavelmente é o que chamam a duas horas de DJ set nos dias de hoje. 

É importante e urgente que se volte a tratar a indústria como arte e não como máquina de fazer dinheiro fácil (...)

 
Há mais de 20 anos que ficou provado que a musica electrónica era o futuro, por estar, tal como o nome indica, associada à tecnologia, que como sabemos, caminha lado a lado com a evolução, mas estar constantemente a repetir uma fórmula mais que gasta, leva a vários problemas. Um desses problemas é o pouco empenho (já todos percebemos como produzir uma faixa genérica do chamado "universo EDM"), que por sua vez leva à falta de originalidade e acaba por não despertar interesse no público. É um facto provado noutras áreas e neste caso não será diferente. De tal maneira, que, esta preguiça que impera, leva a que nestes ditos "concertos", o DJ use e abuse do microfone, num espectáculo em que deveria ser a música a falar. E até nesse uso e abuso do microfone, o discurso é o mesmo. 
 
É importante e urgente que se volte a tratar a indústria como arte e não como máquina de fazer dinheiro fácil, para, claro, o bem da mesma. Há 20 anos já existiam DJs/Produtores milionários, DJs/Produtores com Grammys e nunca se deixou de respeitar a arte e o público. 
 
Felizmente a música electrónica não tem apenas esta chamada vertente EDM, e noutros estilos existem artistas fabulosos, festivais fantásticos, e sim, uma luz ao fundo do túnel, pois aos poucos, já se sente uma necessidade de mudar. Como se costuma dizer, o Mundo não pára de girar e todos os dias, nasce um génio.
 
Fiquemos com a esperança de que o respeito pela arte volte, e que, estas novas "Rock Stars", queiram realmente ficar para a história, "escrevendo" obras intemporais.
 
Saudações,
 
Publicado em Massivedrum
quarta, 15 julho 2020 21:35

Bares e Discotecas: Os Esquecidos

Festas ilegais em vivendas.
Festas ilegais na via pública.
Festas ilegais em bombas de gasolina.
Festas ilegais em todo o lado e os legais fechados e sem hipótese de trabalhar.

Que sentido faz hoje dia 15 de Julho, ainda não haver legislação para os Bares e Discotecas poderem trabalhar?
Que sentido faz querer turistas quando depois quando chegarem aqui a animação é idêntica a um cemitério?
Que destinos turísticos vivem ou sobrevivem sem animação?
Que sentido faz incentivar aglomerados de gente sem regras, sem cuidados sanitários, sem controlo?
Que sentido faz estar a incentivar a proliferação da pandemia em vez de evita-la?
Que sentido faz condenar milhares de empresas à falência?
E centenas de milhares de pessoas ao desemprego e à miséria?
Que tipo de sociedade estamos a criar?

Não reconhecer o direito das pessoas para se divertirem e obriga-las à clandestinidade, não é digno de um estado democrático.
Eu sei que conseguem fazer melhor.
Nós sabemos que até sabem.
Basta quererem.

Devolvam a vida a quem faz viver.
Não há dia, sem a noite.
 
Eliseu Correia
Empresário
Publicado em Eliseu Correia
quarta, 29 agosto 2018 14:32

DJ e artista, dois mundos diferentes

Com o aumento de DJs a atingir valores de saturação na nossa indústria, cada vez mais se discute a diferença entre o DJ e o produtor. Sendo este um tema cada vez mais sensível por motivos óbvios, acaba também por ser cada vez mais natural a sua discussão. Se há muitos anos atrás o DJ era visto apenas como um seleccionador de música com capacidades inatas para mexer com uma pista e despertar diferentes tipos de sensações no seu público, com a mudança das necessidades do mercado passou a ser insuficiente idealizar uma carreira ascendente sem ter a vertente de produção associada ao seu trabalho. Claro que continuarão a haver grandes profissionais dentro do circuito que continuam a trabalhar e a ser requisitados com bastante frequência no nosso país, mas será suficiente para a longo prazo continuarem activos no mercado e a terem o reconhecimento que muito certamente mereceriam? 

Na minha opinião infelizmente terei que dizer que não. Cada vez mais o grande público quer associar o artista à música, anseia por poder dançar ao vivo ao som do nome que fez a música que houve no carro, em casa ou na rádio. É claro que poderemos sempre discutir a qualidade do produtor enquanto DJ, como poderemos também fazer o inverso, mas no final irá prevalecer sempre a opinião e a necessidade do público, afinal de contas aquele que de uma forma muito cruel, mas ao mesmo tempo inquestionável leva os clubs e promotores a contratar os artistas. Artistas, essa palavra que de uma forma impensável hoje em dia se confunde por completo com o DJ. 

Antigamente remetido ao cantinho mais recôndito da discoteca, não altura tão discreto como por exemplo o bartender saltou para a frente, com o seu templo/cabine a ser o centro do espaço e de todas as atenções. A imortalização do artista vem do seu legado, do que deixa para a posteridade e das sensações que deixa nas pessoas que ouvem a sua música, que de alguma forma as vai marcar devido às mais variadas situações da sua vida e que o simples DJ nunca vai conseguir almejar. Chama-se a isso mesmo a marca da criação, uma criação superlativa e que em momento algum poderá ser reduzida ou minimizada por uma qualquer data menos conseguida ou casa menos preenchida. 
 
(...) a indústria da música é tudo menos justa, tudo menos lógica e muito menos sentimentalista, sendo que a realidade dos factos é que hoje em dia uma música pode levar um artista do absoluto anonimato para o topo do mundo (...)

Que isto certamente soará extremamente injusto, sem dúvida que sim, mas a indústria da música é tudo menos justa, tudo menos lógica e muito menos sentimentalista, sendo que a realidade dos factos é que hoje em dia uma música pode levar um artista do absoluto anonimato para o topo do mundo, sendo também claro que quem está sujeito a uma mudança destas não poderá nunca competir com um DJ com experiência, competente e altamente habituado a lidar com a pressão da pista, algo nada fácil e apenas ao alcance de muito poucos, mas mais uma vez o artista acaba por encontrar na sua criação musical o escudo e poder para se poder proteger das mais variadas forças negativas que continuamente estão contra esta profissão. 

Hoje em dia, mais do que nunca penso que o mais importante para a estabilização de uma carreira acaba por ser a qualidade, não a quantidade, e se muitas vezes somos queridos pelos nossos fãs, clubs ou promotores, isso se deverá à capacidade de nos mantermos musicalmente e ideologicamente fiéis a tudo em que acreditamos genuinamente, em alturas mais ou menos difíceis da nossa profissão, que existem tal como em todas as outras, mas a força com que as ultrapassamos diz muito do nosso carácter como seres humanos, homens (mulheres) ou artistas, afinal de contas o tal carisma que acaba por ser fundamental para todos os que estão em cima de uma cabine e em frente a umas boas centenas de pessoas para as fazer felizes e tirar deste mundo durante algumas horas.

DJ e produtor são obviamente dois mundos completamente diferentes, sempre com a certeza que cada um de nós, sejamos DJs e produtores ou apenas DJs temos a bênção de poder tocar a vida das pessoas, nem que seja à nossa maneira, algo de que nem todos se podem gabar de conseguir fazer, sendo isso ao mesmo tempo uma responsabilidade enorme, apenas para as costas de alguns, quer seja a fazer música, a seleccioná-la numa pista ou ambas. Teremos sempre magníficos DJs que nunca farão música, magníficos produtores que nunca irão ser exímios DJs e outros que serão brilhantes nas duas vertentes, mas o artista, aquele que move multidões e que desperta paixões, apenas o vai conseguir com a sua linguagem criativa, com a forma como vai fazer o seu público chorar, rir, dançar ou adormecer a ouvir a sua criação, esta terá que ser uma verdade considerada inquestionável.
 
Carlos Vargas
Publicado em Carlos Vargas
Nunca como hoje foi tão necessário vivermos uns para os outros. Perante as dificuldades causadas pelo medo e pela incerteza, todos conhecemos pessoas que acham que não passa tudo de uma grande mentira, outras que acham que a pandemia foi criada pelo homem, e ainda outras que afirmam que a Covid-19 não passa de uma gripezinha e que temos é que viver normalmente ignorando as consequências...

Com este debate entre tantas opiniões diferentes, que nos fazem agir de formas díspares face ao problema que a humanidade vive, 17 meses depois ainda não conseguimos obter um consenso sobre o comportamento a adotar. Enquanto uns acham que fizeram melhor que os demais, outros acham que estão no caminho certo, e os mais pobres não têm hipótese de fazer de forma diferente!

Será este um problema das democracias, que não tem poder para impor regras unânimes de forma autoritária, estando estas limitadas a recomendar a vacinação para todos aqueles que podem ser vacinados? 

Será que esta pandemia poderá causar um desequilíbrio político-social a nível mundial e potenciar o regresso de movimentos autocráticos, de regimes ditatoriais? Somos diariamente e crescentemente confrontados com agressões por grupos de jovens desesperados com a ausência de um futuro, com crimes domésticos, com violência sobre os mais fracos e sobre as mulheres em geral, com violência e abuso de crianças, com assaltos e um desrespeito generalizado pelas forças da ordem! Caso os regimes democratas não optem por endurecer as medidas de contenção e, ao mesmo tempo, de proteção aos mais vulneráveis, estarão a abrir a porta a populistas com vontade de se apresentarem como justiceiros do povo e salvadores da Pátria. 

A desconfiança que se instalou entre as pessoas, nos locais de trabalho, na sala do restaurante, nos transportes públicos, na fila do supermercado e até no próprio seio familiar, fez com que a proximidade e o contato - o mero abraço ou beijo ao pai, à mãe aos avós - sejam um gesto que acarreta riscos que não nos atrevemos a correr. 

Chegamos, aliás, a um ponto em que estão em causa os hábitos e a estrutura sociocultural existentes nos países ocidentais.

Dito isto, é agora tempo de falarmos de cultura e de entretenimento, tal como estávamos habituados a viver. E digo estávamos porque não sei se iremos retomar esses hábitos em breve - na realidade a cultura e o entretenimento, nos seus formatos pré-pandémicos, implicam o ajuntamento de centenas, milhares de pessoas que, em conjunto, saltam, riem, se abraçam e beijam... Todos esses comportamentos que nos fazem felizes, permitem-nos descontrair e descomprimir de uma semana de trabalho ou de um momento menos bom na vida. 

Será que vamos em breve voltar ao dito normal de 2019, ou recomeçar no formato de há de 40 anos, onde tudo tinha menores dimensões? Apesar da enorme vontade de voltar aos festivais de grandes proporções, as regras sanitárias vão ditar já de si algumas restrições que, aliadas à crise financeira, ao aumento do desemprego e consequente perda de poder de compra, e conjugadas com o medo e algum trauma coletivo em voltar a grandes multidões, irão certamente ter um forte impacto na indústria da cultura e entretenimento. 

Se esta for a possível normalidade nos próximos dois anos, acredito que está na hora de todos nos adaptarmos, acreditando que vai ser possível regressarmos aos nossos eventos, agindo em conjunto para o bem de todos!
 
José Manso
Publicado em José Manso
sábado, 13 junho 2020 23:38

Tempo para meditar

Não faria sentido algum, neste momento, dissociar o mercado dos DJs e Produtores musicais do COVID-19.

Para ser sério, direi que foi o melhor que poderia ter acontecido. Não que tudo estivesse mal mas, a maioria encontrava-se no mau caminho.

Se no que diz respeito aos consagrados pouco haverá a dizer, já que vão garantidamente aproveitar para produzir música, retemperar forças e reaparecer ao seu melhor nível pois possuem situações financeiras que lhes permitem dedicar-se à sua profissão, o mesmo não se poderá dizer da grande maioria e, desta, opto por começar pelos mais novos.

Para estes, melhor do que um semestre de COVID-19 não poderia existir e, embora tema que não vá servir para grande coisa, penso que deveriam ter aproveitado para ler e ouvir música, que julgo ser aquilo que maioritariamente lhes faz falta. Por muito que as pessoas se contorçam com esta afirmação e que a mesma até possa ser vista como afronta, não o é.
 

Mudar, exigiu que os DJs educassem musicalmente o público e, contra ventos e marés, foi exactamente isso que aconteceu.


Se retrocedermos há vinte e muitos anos atrás, facilmente concluímos que, quando a música de dança começou a despertar entre nós, a maioria dos empresários e até clientes, afirmavam à boca cheia que não queriam "martelinhos". Mudar, exigiu que os DJs educassem musicalmente o público e, contra ventos e marés, foi exactamente isso que aconteceu. Dj Vibe, ao contrário do que muitos pensam, não caiu do céu, não foi obra e graça do Espírito Santo. Ouviu muita música e daí, não surpreende que ainda hoje detenha, através da parceria com Rui da Silva - Underground Sound of Lisbon - o maior êxito internacional que algum português alguma vez produziu e que perdura como hino "So Get Up" e que cada um dos seus set's seja uma viagem, naturalmente que uns melhores que outros. Depende do estado de espírito de cada um.

A maioria dos novos Produtores, que serão certamente os grandes da música de amanhã, não conhecem Música além daquela que hoje produzem. Não conhecem, sequer, clássicos de 70/80/90 quanto mais, um pouco de música clássica!

A maioria dos grandes nomes - atenção que estou essencialmente a falar do mercado nacional - foi residente, fez o seu percurso e cresceu. A maioria dos grandes nomes, sabe ir ao baú pois, tem conhecimento, história e arte, a tal arte que aprenderam nos anos 90 em que a máxima era; música é cultura. Se um DJ não educa a sua pista, apenas lhe resta ir copiando o sucesso do vizinho e, daí à maioria das pistas de dança estarem a passar cópias de lixo umas das outras, é o sistema reinante. Ninguém procura ter o seu público procuram sim, copiar o sucesso da pista ao lado seja ele qual for. E os produtores? Fazem exactamente o mesmo!

O COVID-19 veio, se não para safar isto, pelo menos, para voltar a baralhar e para dar de novo. Saiba a nova geração olhar para isto com olhos de ver. Perceber que não é por aquele ser kizombeiro que todos têm que ser kizombeiros ou, porque o que está a dar é a latinada, que Lisboa apenas tem que ouvir latinada em cada porta aberta.
 

Em Portugal, a maioria das rádios passa lixo durante as 24 horas do dia pois, a única preocupação reside nas audiências. Se for Zé Cabra ou Maria Leal que está a dar, é isso que irá passar.


O trabalho das rádios e dos DJs é de educar mas, para educar é preciso ouvir, saber, conhecer e procurar. Em Portugal, a maioria das rádios passa lixo durante as 24 horas do dia pois, a única preocupação reside nas audiências. Se for Zé Cabra ou Maria Leal que está a dar, é isso que irá passar. Quanto mais fácil, brega e sem nexo melhor. Tudo isto seria um cântico gregoriano se os DJs fossem DJs e não, maioritariamente, tipos que, por €50 euros/noite pagos por fora, assumem a categoria dos discos pedidos da senhora que passa a semana a ouvir Maria Leal na rádio e que vê na pista a forma de aplicar os seus trejeitos mundanos entre três vodkas.

Por sua vez, os mais novos, cuja maioria de música pouco percebem, independentemente de existirem alguns com grande valor, ao ser-lhes dada uma oportunidade, agarram-se aos potenciómetros da mesa e aplicam golpes de karate noite fora como que a correr com todos os que estão à sua frente, excepção feita claro está, aqueles vinte que são a sua falange de amigos pessoais e respectivas namoradas. Depois choram-se, o mercado não lhes dá oportunidades, é ingrato, são os malditos lobbies. Não, os proprietários das casas e promotores de festas, precisam é de manter os clientes, não que corram com eles.

Ao contrário daquilo que vou vendo nos cursos para DJs e Produtores disponíveis no mercado, nenhum indivíduo sem o mínimo de cultura musical poderia ter aprovação em qualquer curso destes. É quase como dar uma catana para as mãos de um atrasado mental. Pode alguém que não conhece música educar maiorias? O resultado está à vista de todos e, só não vê quem não quer. Acaba o cliente por ter que fugir, o segurança, saturado, perder a cabeça, o porteiro, preferir ficar do lado de fora da porta, a barmaid utilizar O.B.s nos ouvidos e, claro, o empresário a coleccionar contas, a ter que mudar de empresa e a deixar rasto como o caracol.

Sobre a injecção de "live's" que temos levado nos últimos 70 dias, direi o seguinte. Será difícil perceber que, tirando casos pontuais de festivais - que para mim, mesmo assim, não fazem qualquer sentido - pois ninguém está em casa de castigo a ouvir um doido a gravilhar como se de uma cabine de um jardim zoológico se tratasse! Maioritariamente não há música, há barulho.

Aconselho, para este período, voltarem a ouvir Opus de Eric Prydz até o perceberem. É simples e eficaz, possui musicalidade e é um exemplo moderno de algo com princípio, meio e fim.
 
Miguel Barreto
Publicado em Miguel Barreto
domingo, 17 setembro 2017 19:54

A máquina atrás do artista

Da minha objectiva este é um tema que já foi em certos aspectos mencionado, mas nunca abordado na sua plenitude. Mediante o meu ponto de vista singular esta é uma questão muito importante numa carreira artística, independentemente do género musical, pois para além de todo o trabalho efetuado pelo artista, é não menos importante o papel de quem o trabalha em conjunto, divulga e impulsiona, originando consequentemente todo o sucesso e fruto de um trabalho de equipa.
 
Numa era em que as tecnologias assumem cada vez mais um papel fundamental na divulgação do trabalho desenvolvido, neste caso por um profissional no ramo da música, não podemos de forma alguma descurar por exemplo quem faz a gestão de calendário (booker), "management" ou "advise" artístico, criação e elaboração de conteúdos, assim como quem se responsabiliza pela devida atualização de algumas das mais importantes redes sociais como o Facebook, Instagram ou Twitter.
 
Estes cargos ou responsabilidades, como queiram chamar, geram tempo livre para alguém como eu poder continuar a criar com a "cabeça livre" de todas estas preocupações "cibernéticas" e simplesmente focar-se na criação e atuações ao vivo. Obviamente que a maioria destas questões finais anteriormente deliberadas, são provenientes da minha palavra e aprovação final, contudo isso não coloca em causa a importância da "máquina" que trabalha comigo.
 
Faço parte de uma agência (Next Bookings), onde felizmente sinto todas as posições desde o "Manager" ao "Booker", passando pelos artistas gráficos (Feel Creations-Atelier Multimédia) até à contabilidade em perfeita harmonia, até nos dias mais difíceis… sim, porque nem sempre é tudo tão simples como parece.
 
Uma vez li um artigo em destaque numa revista mundialmente conceituada e dedicada ao ramo da eletrónica, onde mencionavam que um DJ atualmente tinha de ser: Relações Publicas, "Booking Agent", Designer, Programador Web, Profissional das Redes Sociais, Herói de Merchandising, etc… pode parecer algo exagerado, de facto até concordo… mas não se tivermos uma boa "máquina".
 
Resumidamente, se reunirmos os profissionais indicados de cada área específica e necessária na nossa equipa, aliados obviamente, ao nosso talento individual enquanto artistas, o resultado final será visível com sucesso e satisfação.

Miss Sheila
DJ
www.facebook.com/djmisssheilapt
Publicado em Miss Sheila
quarta, 05 abril 2017 19:07

DJing no feminino

Sendo esta a minha primeira crónica para a 100% DJ, não podia deixar de abordar o tema que mais me é questionado e, na realidade, sei que muitos querem ver a minha opinião exposta de uma forma mais coerente e concreta:
ser DJ no feminino.
 
É certo que as mulheres no mundo do djing são uma minoria se formos a comparar com o género masculino. É um facto e os números falam por si comprovando isso mesmo. Mas o porquê desta realidade? Na minha opinião e sendo eu uma DJ “feminina” passo a expor o meu ponto de vista e experiência.
 
Para uma mulher, pode eventualmente ser mais fácil ganhar notoriedade, na maioria das vezes devido à aparência, mas assim também como por outros motivos, o grande problema surge quando se pretende manter uma carreira sólida e duradoura com respeito no mercado.
 
Sempre achei que neste campo uma mulher tem que trabalhar o dobro para alcançar metade do reconhecimento de um artista masculino. Posso dizer que senti isso no início da minha carreira e ainda hoje sinto. Contudo, sinto-me também otimista com a progressão deste assunto e acho que as coisas estão a mudar de uma forma mais positiva. 
 
O número feminino a fazer parte dos ‘headlines’ de grandes eventos aumenta a cada dia que passa, coisa que não se via com tanta frequência na altura que comecei, há praticamente 18 anos. Nessa altura desde o meu primeiro gig notei que de facto tinha algo a meu favor mas também tinha muito trabalho pela frente para mostrar precisamente que tinha vindo para ficar, assim como essencialmente levava a música a sério e essa era a minha verdadeira paixão e razão de estar atrás de uma cabine.
 
Quem me conhece sabe que não era nem sou muito de ligar demasiado às aparências. Umas sapatilhas, calças de ganga, uma t-shirt, as minhas malas e estou pronta para a fazer a festa! Contudo, assim como no masculino tem que haver uma atenção extra quando subimos a um palco, obviamente.
 
O meu trajeto começou por trabalhar numa loja de discos (Bimotor), onde todo o contacto que tive com a música que chegava diariamente ajudou a refinar a qualidade das minhas atuações assim como a criar um grande background de conhecimento na cultura eletrónica.
 
Durante os primeiros anos percorri Portugal de norte a sul, altura em que apenas tocava vinyl. Tive o privilégio de conhecer pessoas fantásticas que acreditaram no meu talento, apostaram em mim e contribuíram para o sucesso que posso dignamente afirmar que tenho. Gravei várias compilações, percorri imensas cidades pelo mundo inteiro onde obtive força e inspiração para tudo o que fui construíndo posteriormente até aos dias de hoje, onde orgulhosamente vejo alguns dos meus ‘sonhos’ se realizarem como é o caso de ter a minha própria editora, Digital Waves.
 
Contudo, tenho consciência que é um compromisso árduo e longo mas que vai no caminho certo e nos dias de hoje passa essencialmente pela continuação do trabalho de estúdio que tenho vindo a desenvolver.
 
Resumidamente, no meu caso em concreto e por isso falo da minha experiência e percurso, posso-me honrar de ter colegas de profissão que dizem: “a Sheila joga no campeonato dos homens.”. Aqui sem dúvida que ainda presenciamos uma diferenciação que todos sabemos que existe, e não podemos negar, mas assim sendo e até esta questão ser extinta, pois defendo que a música não tem sexo, só posso admitir que me sinto satisfeita e orgulhosa pelo facto de reconhecerem e respeitarem o meu trabalho
 
Miss Sheila
DJ
www.facebook.com/djmisssheilapt
Publicado em Miss Sheila
Numa Indústria cada vez mais articulada e direccionada para um serviço facilitista e de personalização praticamente nula, o trabalho e preponderância do DJ acaba por ser cada vez mais refém da necessidade dos clubes ou discotecas, que devido ao facto de terem que apresentar lucros e resultados imediatos, se vêem muitas vezes obrigados a desvirtuar toda a sua ideologia musical a troco de trabalho. Outrora expoentes máximos com direito a palavra de ordem dentro daquilo que era a motivação que levava os seus clientes a uma qualquer pista de dança do nosso país, vemo-nos actualmente sem qualquer espaço de manobra para podermos de alguma forma contribuir para um trabalho mais qualitativo, sustentado e educativo dentro daquilo que seria o cenário ideal para uma evolução nocturna que na minha opinião iria a médio prazo elevar a qualidade da noite portuguesa.
 
A ironia das ironias acaba por ser o endeusamento e proliferação que cada vez mais está na moda de tentar esconder o óbvio, que é o decréscimo qualitativo da noite, com a vinda de artistas internacionais que começam novamente a visitar o nosso país e os nossos clubes, o que apesar de considerar sem dúvida bastante positivo, contrasta em absoluto com o total desprezo com aquilo que seria certamente um dos pilares dessa mesma evolução pretendida, os DJs nacionais, nomeadamente os residentes na verdadeira acepção da palavra. Não falo dos residentes a que chamo de "fast-food", termo que não pretendo conotar de forma alguma com um sentido pejorativo, até porque muitas vezes acaba por ser a única forma que muitos deles têm de manter um posto de trabalho que na maioria das vezes nem lhes permite assumir uma profissão a tempo inteiro, tal é a desvalorização que advém das suas próprias opções de carreira, mas sim dos verdadeiros DJs residentes, que felizmente, quais Gauleses no tempo dos Romanos, ainda vão resistindo bravamente na tentativa de criar tendências, sendo a prova disso mesmo quatro ou cinco espaços no nosso país que conseguem apresentar uma coerência, qualidade e consistência dignas de serem elogiadas.

Mal ou bem, para se oferecer um serviço é necessário que este tenha sustentação para nele podermos investir e faze-lo desenvolver (...)

 
Logicamente que podem ser bravos mas não chegam, uma vez que as modas, para passarem a tendências precisam de ser massificadas, algo que dificilmente irá acontecer nos próximos tempos, na minha opinião, dentro do lado mais qualitativo do nosso mercado. Os verdadeiros profissionais da música, os residentes que criavam as tendências da pista, permitindo assim aos convidados terem a liberdade de se exprimirem sem qualquer tipo de condicionalismos, são cada vez mais uma espécie em vias de extinção, e sinceramente penso que aqui reside um dos principais focos do problema. Claro que, paralelamente a tudo isto, teremos também de ter a capacidade de analisar o lado mais cerebral desta temática, também ela de certa forma compreensível e com uma palavra a dizer naquele que é o ponto de vista do negócio e investimento, do qual posso também, como músico, produtor, DJ e também há já um par de anos empresário nocturno, ter alguma autoridade para falar, uma vez que acabo por estar dos dois lados. Actualmente não é fácil de todo sustentar um investimento com alicerces em romantismos e ideologias de elite. Mal ou bem, para se oferecer um serviço é necessário que este tenha sustentação para nele podermos investir e faze-lo desenvolver, e esse investimento apenas será possível se a equação final que tanto influencia toda esta realidade for positiva, caso contrário os problemas deixam de existir porque muito provavelmente o projecto também terá o mesmo caminho.
 
Estas duas vertentes da nossa indústria, que terão certamente pontos de defesa bastante válidos da parte dos dois lados, acabam por se esbater naquilo que é a dura realidade de um mercado muito pequeno, bem fechado e de fácil propensão a criar modas "convenientes", que resultam para todos os intervenientes neste mercado menos para os directos, que são os próprios espaços e os artistas, neste caso em particular os DJs, com as regras do jogo a serem ditadas pelos muitos canais, muitos deles sem qualidade informativa e de pesquisa, que temos ao dispor dos media para espalhar o que mais lhes convém, deixando aqui de imperar o aspecto qualitativo para começar a dominar o lado financeiro e de lucro directo, o que prejudicando os DJs e a Indústria da Noite, é sem dúvida nenhuma o que alimenta todo este mercado. E aí teremos mais uma vez que ser realistas e concordar, até porque o movimento mais underground (ou menos mainstream) será sempre o mais prejudicado, por ser o que menos hipótese de visibilidade e lucro dá.
 

(...) cabe a cada um de nós, artistas, quer seja em vinyl, com computadores, pens ou o que for, ter a responsabilidade de saber onde queremos estar (...)

 
Voltando ao romantismo, costumo dizer que antigamente os artistas faziam a indústria, e que um dos principais problemas da conjuntura actual que vivemos hoje em dia é que os papéis se inverteram e quem faz os artistas é a indústria, mas aqui com uma grande diferença, que é o facto de os artistas criarem a indústria com o poder da sua música, enquanto que a indústria não cria os artistas com base no poder da música, mas sim em resultados, e logicamente que do ponto de vista da arte no seu estado mais puro, essa não é nem nunca será uma equação de sucesso do ponto de vista musical. É no entanto, e não poderia deixar de fazer este apontamento, de louvar a proliferação de movimentos mais Underground e nada virados para massificações, lucros ou equações financeiras imediatas, mas sim exclusivamente assentados na qualidade e romantismo, e que com os seus próprios meios conseguem cada vez mais implementar qualidade e alternativa para quem sai à noite, muitas vezes apenas para desfrutar de tudo o que de bom a música tem para oferecer, até porque não nos poderemos nunca esquecer que existe e continuará a existir um enorme número de clientes da noite, que continuam avidamente à espera pelo DJ que os vai surpreender e levar onde nenhuma rádio ou estratégia de mercado conseguirá levar, e isso não há indústria mecanizada que consiga diluir.
 
O caminho a seguir é este, muito ao encontro do que já vi muitas vezes lá fora, uma vez que o lado cerebral irá continuar a crescer, devido à própria evolução da nossa sociedade, apesar de não podermos de forma alguma desprezar o lado mais romântico da noite, que irá também continuar a crescer proporcionalmente, o que faz com que o equilíbrio se mantenha dentro do desequilíbrio, e cabe a cada um de nós, artistas, quer seja em vinyl, com computadores, pens ou o que for, ter a responsabilidade de saber onde queremos estar e qual é o nosso papel dentro deste inevitável equilíbrio.
 
Carlos Vargas
Publicado em Carlos Vargas
quinta, 28 maio 2015 19:35

Soundcloud: o princípio do fim?

Quem se lembra do MySpace? Grandes artistas foram descobertos, muitos temas, álbuns apareceram no MySpace e foram assinados em Major Labels. Com o evoluir dos tempos, o site acabou por ficar obsoleto porque não acompanhou a rápida evolução da internet e outros serviços semelhantes apareceram e acabaram por o substituir. 
 
Um deles foi o SoundCloud, que nos últimos 5 anos foi uma das principais, se não a principal plataforma de divulgação de música e onde foram descobertos vários artistas e outros tantos promovidos à exaustão.
 
A par com a evolução do SoundCloud, a pirataria também ganhou proporções gigantescas e hoje em dia é sabido que a venda de música já não é aquilo que outrora foi, no entanto, o investimento nos artistas por parte das labels não parou de existir ou diminuiu. Pelo contrário, como hoje em dia é mais fácil fazer música com um computador, é preciso investir ainda mais para garantir que os artistas e as musicas têm a visibilidade necessária.
 
Um utilizador frequente do SoundCloud sabe que por lá se encontra imensa música “gratuita” e, na verdade, há mais bootlegs e mashups do que temas originais (ou havia), o que faz com que as labels não vendam os temas originais. E mesmo que as músicas não estejam em free download, sabe-se que há sempre meios de contornar isso e o público em geral consegue fazer mais rápido um download pirata para ouvir no carro (não interessa a qualidade da música) do que comprar um tema.
 

O SoundCloud como o conhecemos está a acabar e não interessa se pagas um serviço premium ou não.

 
Quando foi anunciada a parceria entre o SoundCloud e a Zefr, uma das plataformas líder de mercado de gerencia de direitos e royalties, que é responsável por identificar os temas no YouTube e consequentemente entregar os direitos e royalties às labels, pensou-se que iam terminar os famosos “takedowns” no SoundCloud porque as editoras iriam finalmente poder ganhar dinheiro com os temas que iriam sendo colocados no SoundCloud e que seria implementado o mesmo sistema de publicidade paga que o YouTube. No entanto, o resultado foi outro: nessa semana os artistas revoltaram-se contra o SoundCloud porque os “takedowns” foram gigantescos e até chegaram a nomes como Martin Garrix, que viu os seus temas originais serem removidos.
 
O SoundCloud como o conhecemos está a acabar e não interessa se pagas um serviço premium ou não. Os mix sets, bootlegs e mashups estão a ser apagados diariamente e, é o que vai continuar a acontecer a curto-médio prazo.
 
Apesar do SoundCloud ter pago mais de 2 milhões de dólares em publicidade aos seus parceiros, a Sony afirma que não ganha dinheiro suficiente e é quem está a criar mais problemas.
 
Sabemos que o SoundCloud tem uma audiência mensal de cerca 350 milhões de utilizadores e que, apesar de tudo, ajudou a desenvolver e a lançar artistas como a Lorde, promover artistas do meio como o Drake, Miguel e mesmo a Beyonce e ainda a descobrir outros tantos. Mas o que se passa é, ao mesmo tempo que os artistas precisam de exposição, as labels precisam de ser pagas pela música e enquanto o SoundCloud não pagar aquilo que as labels acham justo, a situação vai-se manter como está e vamos continuar a ver os takedown’s diários e a revolta dos artistas. 
Inclusive a Sony já retirou temas de grandes artistas como Adele, Miguel e Hozier; e sabe-se também que as negociações entre os dois falharam por falta de acerto monetário. 
Um serviço que outrora foi feito a pensar nos artistas, hoje em dia é controlado pelas editoras.
 
Como o SoundCloud é um dos principais “fornecedores” de musica dos blogs, sites e redes sociais, pela sua fácil integração, a pergunta que eu faço é: quanto tempo falta para aparecer um sério concorrente do SoundCloud e que o destrone, como aconteceu com o MySpace?
 
Dan Maarten
Publicado em Daniel Poças
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