segunda, 01 outubro 2012 23:46

A ressaca e as suas curas

 
Este artigo pode parecer chato, (principalmente se tiveres mesmo de ressaca), mas no final vais concluir que, tal como nós, fãs ferrenhos de uma noite bem aproveitada, vai dar-te muito jeito no dia em que não souberes o que fazer mais para curá-la e quiseres livrar-te desse mau estar ou dor de cabeça torturantes. Vais ver que ainda nos vais agradecer.

Vamos começar por saber o que é a ressaca. Em linhas gerais a ressaca é provocada por um conjunto de três efeitos produzidos pelo álcool: desidratação, choque nervoso e desnutrição.
Desidratação porque o álcool é diurético e literalmente faz-nos correr para o WC centenas de vezes. O choque nervoso acontece porque quando se bebe muito, estamos a provocar uma overdose de uma "droga" e isso mexe com o sistema nervoso. É por isso que quando estamos mesmo naqueles dias de ressaca extrema trememos que nem varas verdes. Por último, mas não menos importante, a desnutrição: o álcool reduz a quantidade de vitaminas e nutrientes do corpo, elementos que são importantíssimos para a manutenção do sistema de defesa do organismo.
 
Além destes efeitos provocados pelo álcool, o mesmo é metabolizado pelo fígado. E aí é que está o nó da questão. Para processar as moléculas do álcool, o fígado usa duas enzimas e nem todos gozamos da quantidade de enzimas suficientes e eficientes. É por esta razão que existem pessoas que ainda não se cruzaram com uma manhã de ressaca, enquanto que outras, não podem ver uma garrafa de cerveja à frente que passam mal. No fundo, trata-se de uma questão de estrutura física ou mesmo genética, o que não tem nada a ver com tamanho.
Outro dado importante: o álcool é expelido do corpo pelos rins e pelos pulmões e afeta principalmente o lobo frontal do cérebro, responsável por controlar o julgamento (literalmente o juízo) e as relações sociais. Há quem diga que se perdem neurónios a cada bebedeira, mas é no fígado que o álcool deixa marcas mais profundas.

Depois de dar-mos uma olhadela a certos e determinados estudos, podemos realmente concluir que os efeitos do álcool no fígado são muito preocupantes, embora pouca gente ligue a isso no calor da festa.
 

"Para os mais impacientes, deparamos com testemunhos, que atestavam, que um valente cheeseburguer com batata grande e cola grande seria o auge (aguardamos o estudo científico para o comprovar) ..."

 
Explicações científicas à parte, o facto é que desde que os gregos inventaram a cerveja, que a cura da ressaca é um dos dilemas da humanidade. O primeiro conselho e mais importante de todos seria: não beber e garantimos por experiência própria (cof cof) que não vais ficar nem com um pouquinho de ressaca, mas se não vão nesta cantiga temos outras dicas para ti.
Repara que quando alguém bebe demais e vai parar ao hospital, o primeiro passo, é tomar glicose, o álcool reduz a quantidade de açúcar no sangue, (daí aquela moleza), então, a tática ideal e infalível é andar sempre com uma barrinha de chocolate no bolso. É tiro e queda e o efeito é melhor do que todas essas confusões de banhos gelados, dormir ou qualquer outra loucura que possa ter efeito contrário e piorar a situação. O mais seguro mesmo é o dito chocolatinho, (santo de cada dia), quando te começares a sentir mal, durante ou após a bebedeira. Procura não te sentares ou fechar os olhos no "durante".

Existe quem defenda que mastigar gengibre, ajuda a aliviar o stress do estômago, mas o repouso, frutas, verduras, muita água e vitamina B, sem contar com uma ou duas Aspirinas, Guronsan (ou outro), continua a ser a solução mais usada. Mas existem outras, nomeadamente: beber um litro de água antes de ir para a cama e tomar um remédio para a dor de cabeça. Verás que no outro dia vais estar melhor do que se chegasses a casa e não tomasses nada!
 
A esta altura já pensas: "E aquela secura irritante que não passa!!". Se tomares uma colher de azeite antes de começares a beber, segundo os nossos antepassados, não vais passar por essa sensação porque, provavelmente, nem vais conseguir beber mais!  Também, há quem diga que um bom sumo de limão ou tomate, no dia seguinte, ainda em jejum, costuma fazer milagres. Segundo outras culturas, um copo de cerveja gelada, assim que te levantas, também produz um efeito positivo. Pelo menos não passas por todas as sensações desagradáveis! Uma receita interessante que encontrámos para curar para a ressaca: comer uma canja de galinha. Mas aconselhamos a pedires a alguém que a faça ou a fazeres a canja antes de saíres à noite. De madrugada e de ressaca o mais certo é nem dares com um prato! Para os mais impacientes, deparamos com testemunhos, que atestavam, que um valente cheeseburguer com batata grande e cola grande seria o auge (aguardamos o estudo científico para o comprovar), mas podemos já adiantar que coca-cola e outras bebidas com gás e cafeína são irritantes para o estômago.

Se isto estiver a ser demais para a tua cabeça, (que neste momento poderá estar à roda com a noite passada), podes fazer uma pequena cábula com alguns dos conselhos mais práticos que encontrámos, para colares no espelho onde te arranjas todas as noites antes de saíres:
 
 
  • Alimenta-te bem antes de começar a beber, para que os efeitos do álcool não sejam tão intensos;
  • Nunca bebas à pressa! (nem que a loira que te tirou do sério esteja a dirigir-se para a porta acenando-te para ires com ela). A bebida é para ser saboreada calmamente, e sem pressas;
  • Faz um esforço e bebe água (entre as bebidas alcoólicas) para que o efeito do álcool não seja tão forte;
  • Modera a quantidade de álcool a ingerir;
  • No dia seguinte, opta por alimentos leves, chá, café, muita água, (mesmo muita), para hidratar o corpo, e come alimentos com sal e potássio para repor os nutrientes que perdeste. Não te esqueças de ingerir muita vitamina B.
 
Tem calma! O que estás a sentir vai passar em breve!
 
Amanhã tudo regressa ao normal! E estás pronto para mais uma, VENHA ELA!!! De preferência ao som dos FUNKyou2 - The Party Rockers!!!!
 
Francisco Praia
FY2 - The Party Rockers
Publicado em Francisco Praia
Foram divulgados recentemente os primeiros cancelamentos de eventos musicais devido ao surto de Covid-19, o novo coronavírus proveniente da China. Já foi cancelado o Ultra Music Festival que ia acontecer em Miami nos dias 20, 21 e 22 de Março. O Coachella, um dos maiores Festivais nos USA previsto para os fins de semana de 10 e 17 de Abril também já foi adiado para os fins de semana de 9 e 16 de Outubro. Um dos principais "Clubs" Espanhóis, o Fabrik, perto de Madrid, suspendeu ontem os seus eventos devido à recomendação do Ministério da Saúde Espanhol e da comunidade de Madrid e irá em breve divulgar as novas datas. Madrid é a comunidade autónoma com mais casos confirmados do novo coronavírus, com cerca de 1024 casos confirmados. Vários concertos de artistas conceituados foram cancelados ou adiados, tudo devido a este novo vírus que se tem espalhado um pouco por todo o planeta.

Portugal, de momento ainda tem, felizmente, poucos casos confirmados (59, no momento em que escrevo esta crónica) comparativamente com os países que nos são mais próximos. Espanha neste momento já tem 2124 casos confirmados e 49 mortos e França que tem 1700 casos confirmados e 33 mortos. O que leio sobre a maior parte dos falecidos relativamente ao Covid-19 é que são pessoas de avançada idade, com problemas respiratórios crónicos prévios à infecção pelo vírus o que os torna muito frágeis relativamente a novas infecções, especialmente aquelas que atacam as vias respiratórias. Parece que este novo vírus não é muito eficaz em pessoas mais jovens, sãs, e que os seus sintomas nestes casos passam por ser os mesmos de uma vulgar gripe, muito comum nesta altura do ano. 

Justifica-se então o "pânico" que se está a gerar neste momento em Portugal, relativamente à difusão deste novo coronavírus, quando ainda existem tão poucos casos confirmados, comparativamente a outros países?

Na minha opinião há que redobrar os cuidados a ter quando vamos a locais onde se juntam muitas pessoas e sejam potencialmente focos de contágio, tal como os aeroportos. Como vivo em Espanha, passo por vários todos os fins de semana e nas últimas vezes tenho tido alguns cuidados "extra", como lavar as mãos muito bem e varias vezes, especialmente depois de tocar sítios onde muita gente toca, tentar espirrar só em locais onde não estão pessoas próximas e caso isso não seja possível espirrar para o cotovelo, de maneira a conter as partículas que possam conter o Covid-19. Neste momento estou com (mais uma) uma infecção na garganta que me provoca sintomas compatíveis com uma gripe e no fim de semana passado já tive várias pessoas que me olharam de lado no aeroporto e durante o voo por estar com esses sintomas... 

É um facto que este novo coronavírus é bastante mais contagioso do que uma gripe normal, mas os sintomas em geral são leves. São preocupantes os casos de pessoas sem sintomas aparentes que deram positivo no teste do Covid-19 e que o podem ter transmitido sem sequer saber que estavam infectadas. No entanto, todas as notícias que li e ouvi até hoje referem que o grupo de risco e principal afectado por este novo coronavírus é o grupo de pessoas de media idade/idade avançada, com doenças prévias e que as pessoas jovens só têm praticamente os mesmos sintomas de uma gripe sazonal. Está provado que a mortalidade do Covid-19 é superior à de uma gripe normal, mas tal como já referi, a taxa de mortalidade entre os jovens contagiados é muito reduzida.

Acho que é a primeira vez que uma epidemia é acompanhada "ao minuto" à escala global, o que tem provocado alguma desinformação. As redes sociais também estão a ajudar a espalhar algumas informações incorrectas sobre o Covid-19 e estão a provocar aqui em Espanha a corrida aos supermercados, com medo a que se chegue a uma situação de “fecho total” do país, como está a acontecer neste momento com Itália, apesar dos directores das principais marcas já terem vindo a público dizer que não vai haver falta de produtos nas prateleiras.

Apesar de haver poucos casos em Portugal, o Covid-19 já chegou à música electrónica. Na passada sexta 6 de Março houve um evento no Hard Club no Porto onde actuou um DJ que posteriormente deu positivo ao novo coronavírus e está neste momento internado em isolamento no Hospital Pedro Hispano em Matosinhos. Ele próprio veio tranquilizar as pessoas através de um vídeo em que diz que está tudo bem, que está fisicamente bem e que simplesmente tem sintomas de uma gripe "normal" mas tem que estar isolado para não contagiar outras pessoas. Já havia algumas pessoas alarmadas com a notícia desse positivo, mas o certo é que o Covid-19 só se contagia através de contacto físico directo, ou através de partículas em suspensão vindas da pessoa infectada que normalmente se projectam no espaço de um, dois metros no máximo. Às pessoas que estiveram em contacto directo com esse DJ que atuou na pista 2 do Hard Club, a Direcção Geral de Saude aconselha a ligar para os números 220 411 170 ou 220 411 171.

Espero sinceramente que a situação não se agrave em Portugal e que esta epidemia não atinja os números que já atingiu nos países vizinhos. Há que extremar os cuidados, lavar as mãos frequentemente, se possível desinfectá-las várias vezes ao longo do dia. Segundo os médicos, este tipo de coronavírus é bastante sensível ao calor e quando as temperaturas subirem (o que deve acontecer em breve, com a entrada da Primavera) as partículas contaminantes têm uma vida útil bastante mais curta o que vai reduzir muito o número dos contágios.

Eu acabei de ter o primeiro evento adiado devido ao surto de coronavírus. Vamos esperar que esta "pausa" em que o país vai estar nos próximos dias seja a maneira mais eficaz de conter o vírus e que depois destes adiamentos a “dance scene” e a vida em geral em Portugal volte ao seu ritmo normal. É importante termos muito presente que isso também depende de todos nós. Ao tomar as medidas recomendadas pelos serviços de Saúde, sem entrar em "pânico", estamos a contribuir para que este Covid-19 seja controlado o mais rápido possível!
 

Carlos Manaça

DJ e Produtor

www.facebook.com/djcarlosmanaca

 

(Carlos Manaça escreve de acordo com a antiga ortografia)

Publicado em Carlos Manaça
terça, 03 outubro 2017 19:14

Os Deejays e o respeito pela arte...

Num mercado em constante mudança, todos os Deejays (ou aspirantes) deveriam evitar ceder à tentação de apenas acompanhar e imitar tendências já existentes. Uma coisa, como Produtor, é aplicarmos as influências que todos temos na nossa música, e que fomos conquistando ao longo da nossa vida, quer seja à frente da cabine ou atrás, outra é pura e simplesmente tentar copiar o que estará eventualmente na moda do momento apenas porque se parte do princípio que essa será a fórmula para o sucesso, seja lá qual for a sua interpretação. A personalidade de um artista vê-se pela sua capacidade de adaptação ao passar das tendências sem desvirtuar a sua própria identidade, e penso que aqui começam a residir grande parte dos problemas relativos à longevidade da carreira de um Deejay ou Produtor, seja em Portugal ou em qualquer parte do mundo. Talento, perseverança, capacidade de sofrimento, amor à profissão e cada vez mais saber estar atualizado em áreas como como a Promoção, Marketing ou Imagem (estas últimas áreas deixarei para a minha próxima crónica de opinião, até porque a Sheila já se focou, e muito bem, neste tema), são cada vez mais factores fundamentais para se conseguir vingar numa profissão onde até há pouco tempo atrás bastava ser-se conhecido, ter uma cara bonita e levar muitos amigos atrás (sim, em momento algum referi a palavra música). 
 

Passar música para uma pista ou fazer música sozinho num estúdio, não poderá nunca ser resumido apenas ao factor negócio (…)


Acaba por ser um passo mais do que esperado o desaparecimento precoce dos mais variados nomes que chegaram a inundar as nossas pistas de dança de uma maneira vertiginosa mas que chegada a altura de colocar em prática algum dos predicados acima referidos os fizeram desaparecer com a mesma rapidez com que apareceram. Como em tudo na vida o amor à nossa arte é o que sustenta tudo e é preciso realmente ter uma abnegação muito grande para seguir em frente, por muito duros que sejam os obstáculos. Felizmente o nosso mercado está a mudar, a fasquia da qualidade está cada vez a ficar mais exigente e parece-me a mim que as coisas começam a ficar cada vez mais arrumadas nos seus devidos sítios. Passar música para uma pista ou fazer música sozinho num estúdio, não poderá nunca ser resumido apenas ao factor negócio, no fim acabará sempre por ter que vir de dentro aquilo que realmente vai tocar os nossos fãs, críticos, promotores, seguidores ou colegas de trabalho. No caso específico da produção não basta acordar de manhã e pensar que seria giro ser produtor, só porque todos os outros o são e até fica bem no flyer. Tal como na vertente do Deejay, para se ser Produtor musical é preciso ter predicados únicos que não poderemos de forma nenhuma ignorar por pensarmos que um qualquer "sample pack" juntamente com o fácil acesso a um programa de produção nos vai fazer evitar ter que trabalhar e estudar para podermos criar livremente sem limitações.
 

(...) não é por o nosso vizinho nos dizer que até temos jeito para a coisa que vamos pensar que encontrámos a nossa vocação.


Não poderemos nunca encarar tudo isto de uma forma leviana, como em todas as áreas temos seres humanos que têm aptidões para desempenhar o seu trabalho e outros que não, e não é por o nosso vizinho nos dizer que até temos jeito para a coisa que vamos pensar que encontrámos a nossa vocação. Carisma, personalidade e capacidade de integração não são características que possamos fingir, ou as temos ou não, e a consciência desses factores são determinantes para a nossa realização pessoal e acima de tudo para uma arte que cada vez mais precisa de ser respeitada. Seguir esta vida é tudo menos ser-se reconhecido, ter bebidas de borla ou entrar sem esperar na fila dos clubs ou festas da moda, é sim, estar preparado para sacrifícios sociais, pessoais e familiares que muitos de vocês que estão a ler esta crónica saberão do que estou a falar, porque certamente já o viveram. Ser Deejay é ter tudo menos uma vida normal, é ter que sacrificar tudo em prol de uma causa e estar preparado para sofrer as consequências, sendo a nossa grande recompensa a realização de ver quem está à nossa frente levantar os braços e esquecer os seus problemas nem que seja por um par de horas. Eu pessoalmente não gosto muito de pensar em planos muito alargados para a minha carreira, gosto de trabalhar no dia a dia e acima de tudo sentir que o que faço tem um sentido válido para mim, para aqueles que estão próximos de mim e para quem me ouve e segue. Tudo o que vier além disso acaba por ser agradável bónus que tem que saber ser muito bem gerido. Muitas vezes penso que a próxima data poderá muito bem ser a última, que posso estar a fazer a última viagem, a última conversa no carro com o meu agente, a visitar o último hotel e por isso mesmo todos os dias sinto mais força para continuar a desemprenhar a minha função nesta vida, que profissionalmente é sem dúvida nenhuma a música.

Muitas vezes recebo mensagens de pessoas que me perguntam o que devem fazer para serem Produtores, que programa utilizar ou que curso tirar e a todos dou uma resposta que se calhar não gostam de ouvir, que é aprender a tocar um instrumento musical, afinal estão a fazer música e provavelmente o primeiro ano até é chato, mas passados dois ou três até vão começar a achar piada e começar realmente a desfrutar da beleza única que é a linguagem musical. Penso que se calhar essas pessoas acham que é desperdiçar muito tempo, não me parece que seja muito essa a resposta que esperassem ouvir, cada vez recebo menos mensagens dessas... Mas o essencial a retirar deste pequeno exemplo, é que sem esforço e determinação até podemos conquistar pequenas coisas, mas as grandes estão destinadas a quem vê a luz que aparece na altura em que tudo parece negro e acabou, qual sinal que te diz para continuares em frente, porque o resto não interessa, mesmo que tudo em ti te faça questionar os porquês, porque nada parece fazer sentido. O melhor de tudo é que tenho a certeza que muitos de vocês com certeza que percebem o que quero dizer e se identificam com o que aqui escrevi desta vez, e se por acaso não, aconselho vivamente a procurarem outro objectivo de vida. 

Eu tenho a certeza da minha vocação e propósito nesta vida, e tu?
 
Publicado em Carlos Vargas
É com bastante satisfação que vejo que este ano, ainda mais do que nos anos anteriores, Portugal faz parte da agenda de muitos “top“ DJ’s Internacionais, de diferentes áreas musicais. Portugal está na moda e isso reflecte-se no turismo e nos eventos que acontecem todos os fins-de-semana, especialmente nesta altura, de Norte a Sul do país. É muito bom ver eventos praticamente esgotados, à tarde, à noite, fim-de-semana após fim-de-semana (e muitos dias de semana...), com artistas que participam nos melhores festivais de música electrónica pelo mundo fora. Depois de passarmos por um período “negro” economicamente que se reflectiu na quantidade (e qualidade) de eventos que tivemos, é com muita satisfação que vejo os cartazes dos eventos recheados de grandes nomes provenientes das várias áreas da música electrónica. Eu vou participar em alguns desses eventos, e nos que já aconteceram, como por exemplo o Sound Waves do passado dia 29 de Julho em Esmoriz, a afluência de pessoas foi superior à dos últimos anos.
 
Voltámos a ser “A Paradise Called Portugal”. Quem já anda dentro da “dance scene” portuguesa há alguns anos certamente se lembra desta frase, muito repetida pelas revistas lá fora depois de ter sido o título de uma reportagem da revista Inglesa Muzik em 1995. Nos anos 90, as revistas eram o principal meio divulgador da “dance scene” a nível internacional (ainda não tinha chegado a internet...) e nessa altura a DJ Mag, Mixmag e a Muzik eram três das principais revistas inglesas totalmente dedicadas à música electrónica. A meio da década dos 90, as três mandaram várias vezes repórteres a Portugal para cobrirem a vibrante vida nocturna nacional, chegando mesmo a dizer que “Portugal é a nova Ibiza”. Começou a haver uma programação regular de grandes artistas internacionais, quer em clubs quer em eventos, e Portugal começou a aparecer, pela primeira vez, na agenda dos grandes DJ’s internacionais. Já tinham acontecido alguns eventos pontuais com artistas internacionais de topo (lembro-me do evento no Castelo de Santa Maria da Feira em 1992, com Danny Tenaglia e Jaydee entre outros artistas, como um dos mais importantes) mas não havia ainda uma programação regular de eventos, quer em clubs quer como produções independentes, com DJ’s que fizessem parte do circuito internacional.
 

(…) todos me diziam que o nosso país era fantástico e que não entendiam como sendo tão pequenos em dimensão, tínhamos uma vida nocturna tão vibrante (…)



 Com as reportagens das revistas Muzik, DJ Mag e Mixmag (entre outras), Portugal começou a estar no “mapa” dos principais DJ’s e houve um “boom” de eventos com cartazes ainda hoje impressionantes se considerarmos a dimensão do nosso país. Foi a partir dessa altura que ficaram famosas as semanas da Páscoa no Algarve onde todos os dias durante uma semana (às vezes até mais...) se podiam ouvir muitos dos DJ’s/Produtores mais importantes a nível internacional, quer na Locomia (no espaço onde hoje existe o Le Club, em Albufeira), quer na Kadoc, espaço que hoje se chama Lick Algarve, em Boliqueime, perto de Vilamoura. Além de todos esses eventos no Algarve durante o período da Páscoa, aconteciam também muitos eventos regulares no Pacha em Ofir e no Vaticano em Barcelos, entre muitos outros clubs. Foi um período dourado da “dance scene” em Portugal e onde o nosso país era referido muitas vezes na imprensa estrangeira especializada como um dos melhores locais da Europa para a “club scene”, com fantásticos clubs e um público com uma entrega e um gosto musical sem igual. Acompanhei muitos DJ’s estrangeiros quer enquanto residente no Rock’s em Vila Nova de Gaia, quer mais tarde quando fazia parte da produtora de eventos X-Club, e todos me diziam que o nosso país era fantástico e que não entendiam como sendo tão pequenos em dimensão, tínhamos uma vida nocturna tão vibrante e com tanta qualidade.

Infelizmente, e por vários motivos, esse período acabou de maneira repentina. Como a “dance scene” em Portugal atingiu uma dimensão considerável em termos de negócio, rapidamente começaram as disputas entre produtoras (e até DJ’s) para conseguir fazer o evento no club “Y”, tentando bloquear o artista “Z” à outra produtora para que não pudesse fazer um evento com esse “top” DJ. Foram muitas as situações a que assisti, de ambos os lados das principais produtoras dessa altura, para tentar bloquear datas, discotecas, artistas, etc. Obviamente isso não podia ter um desfecho feliz e o resultado foi que a rentabilidade dos grandes eventos foi sendo cada vez menor (até porque cada vez os cartazes eram maiores e mais caros...) e cada vez foi sendo mais difícil trazer pessoas a esses eventos. Obviamente também porque se esgotou um pouco o factor “novidade” dos primeiros anos e a crise que apareceu em 2000 (sim, já estávamos em crise nessa altura...) fez o resto. Deixámos de ser um paraíso para a música electrónica internacional e durante algum tempo poucos eram os eventos que contavam com artistas de topo a nível mundial.
 
20 anos depois do “Neptunus Music Festival”, evento que aconteceu nos dias 2 e 3 de Agosto de 1997 em Albufeira (no local onde agora é a Marina) e que para mim (e para muitos) colocou Portugal definitivamente no mapa dos grandes eventos de música electrónica a nível internacional, surge o BPM Portugal. Pela primeira vez, a produção de um dos maiores festivais de música electrónica do mundo (que engloba as labels e produtoras mais importantes a nível internacional) vai sair de Playa Del Carmen no México, depois de 10 edições e escolheu Portugal. Não foi por acaso. Portugal está mesmo na moda a nível internacional!
 

(…) só espero que não se cometam os mesmos erros que se cometeram no passado e que esta dinâmica dure muito mais do que durou antes, o nosso público merece!

 
O “Neptunus Music Festival” trouxe a Albufeira quase 40 dos “top” DJ’s internacionais da altura (lembro-me que o único que não pode vir na altura foi o Danny Tenaglia porque não tinha nenhum dos dias disponíveis) para atuarem em dois dias em quatro tendas em mais de 12 horas por dia, em cada tenda. Eu tive a honra de actuar em duas das tendas. Nunca tinha sido feito nada do género em Portugal até essa altura e foi um sucesso tremendo.
 
O BPM Portugal, 20 anos depois do “Neptunus Music Festival”, vai conseguir juntar muitas das maiores labels e produtoras de grandes eventos internacionais que vão trazer praticamente TODOS os grandes artistas ao Algarve, entre os dias 14 e 17 de Setembro, num evento que certamente vai marcar a “dance scene” em Portugal.

Vendo todo este “boom” de grandes eventos em Portugal, com grandes artistas, só espero que não se cometam os mesmos erros que se cometeram no passado e que esta dinâmica dure muito mais do que durou antes, o nosso público merece!
 
Carlos Manaça
DJ e Produtor
 
(Carlos Manaça escreve de acordo com a antiga ortografia)
Publicado em Carlos Manaça
segunda, 10 maio 2021 18:05

Cultura Remota e Monetização

Após todo este período de pandemia, confinamentos e o impacto negativo que sabemos ter afetado o mercado da electrónica em Portugal e no mundo, com os clubs e eventos em "standby" decidi fazer uma retrospectiva e a minha opinião para o futuro, relativamente às opções adoptadas pela maioria do mercado de forma a subsistir e promover os projectos.

Todo o mercado teve de se adaptar ao inesperado, fosse para conseguir liquidez ou para manter o "hype". Fazer uma revisão ao plano de negócio como as redes sociais, press kit, biografia, conteúdo vídeo e audio, programas de rádio e claro, todo o trabalho de estúdio foi das primeiras atitudes que a meu ver deveriam ser tomadas. Com o tempo livre extra, foi uma excelente altura para parar e analisar tudo isto e decidir o que mudar ou acrescentar.

Recentemente abordei a questão "A conexão que falta", onde fiz uma relação entre os eventos “stream” e a ligação com o publico. Com esta questão segue-se outra muito relevante e imprescindível é a sua abordagem, a questão da monetização (o processo de converter algo em dinheiro).

Os live streams foram e são óptimos para promoção de identidades, locais, conteúdo, etc. A meu ver é algo que se vai manter no futuro, ainda mais tendo em conta que já era algo que vinha a crescer. 
Contudo, falha aqui um aspeto muito importante para a subsistência de qualquer indivíduo, a forma de "financial income" para pagar as contas e investimentos.

Na minha opinião, algumas das formas para monetizar ao máximo (possível) passam por:

- Live Streams, é possível monetizar com os streams, seja através das estrelas no Facebook, os subscritores e donations no Twitch e Youtube ou mesmo através de bilhetes adquiridos previamente em plataformas para essas mesmas atuações em exclusivo num website privado.

- Streaming, quando tens música ou conteúdos em plataformas como Spotify, Youtube, Youtube Music, Apple Music, Deezer, etc., esses conteúdos devem ser monetizados. Há um benefício gerado a partir de direitos de autor para a reprodução e esse pagamento é feito ao compositor por cada uma das suas músicas ouvidas na respetiva plataforma de streaming. Mais abaixo um exemplo de algumas cotações de streaming interativo:
 

 

- Merchandising, é uma estratégia muito utilizada, através de vestuário, acessórios, autocolantes, etc. Aqui a finalidade é a monetização em paralelo com a publicidade no "e-comerce", resumidamente é um conjunto de técnicas para dar visibilidade ou promover um produto ou serviço a potenciais clientes de forma assertiva num meio publicitário diferente do habitual.
 
- Patrocínios, é fundamental ter parcerias e apoios com marcas, não só pela liquidez mas também por visibilidade, reconhecimento e redução de custos.
 
- Cursos e Masterclasses, este período tem sido ótimo para todos os que querem adquirir algum conhecimento extra com alguns dos melhores nomes do mercado, o tempo livre gerado pela pandemia levou a que houvesse também mais tempo para o desenvolvimento de Masterclasses e Cursos, sendo estes extremamente personalizados até ao mais pequeno pormenor desejado. Estes aparecem nos mais variados formatos: Djing, Produção, Masterização, Management, Agenciamento entre muitos outros.
 
Estas são algumas ideias que cada um pode adaptar mediante as suas necessidades e capacidades de monetização. São também opções a considerar numa carreira, seja no presente ou no futuro.

Para acabar é importante referir que a principal receita da maioria dos artistas de electrónica é proveniente das atuações ao vivo (Concert Tickets), por isso, abram os clubs e realizem os eventos, todos temos que monetizar!
 
Publicado em Miss Sheila
Há poucos anos, era comum vermos discotecas a apostar em diferentes estilos musicais. Mesmo dentro da música dita ‘mais comercial’, as discotecas, sobretudo as das grandes cidades, dirigiam-se muitas vezes a públicos diferenciados, explorando nichos de mercado e subculturas que partilhavam os mesmos valores e gostos musicais. As discotecas desempenhavam um importante papel na promoção desses valores, sendo a música a sua principal ferramenta.
 
O aparecimento da cena house em Portugal, no início dos anos 90, foi um exemplo de uma grande subcultura que partiu dos DJ’s, primeiro, e das discotecas, depois, e que surgiu como um fenómeno de contracultura, respondendo à necessidade de quebrar com os unanimismos culturais estabelecidos.
 
Hoje, essa realidade alterou-se profundamente. As discotecas já pouco se diferenciam entre si: todas tocam as mesmas músicas, tendo os hits e a música de cariz popular tomado conta da maioria das casas do país. Arrisco a dizer que nunca como hoje os padrões de exigência estiveram tão baixos. Alguém imaginaria, há 10 anos, uma discoteca reputada de uma grande cidade a tocar o Emanuel? Salvo raras exceções, como o Carnaval, isso apenas seria possível em discotecas de província que, apesar de serem importantes, não ditavam tendências. Faziam parte de um Portugal profundo que nós, gente da cidade, insistíamos em subvalorizar. Por mais comercial que a música fosse, havia uma fronteira que as casas de referência raramente ultrapassavam.
 

"Os atuais empresários e gestores de discotecas parecem não perceber que, ao tentarem dirigir-se às massas, estão a adotar um modelo de negócio esgotado."

 
Hoje, a mesma receita é aplicada a todos os públicos, como se as pessoas fossem todas iguais e partilhassem todas dos mesmos gostos. Os atuais empresários e gestores de discotecas parecem não perceber que, ao tentarem dirigir-se às massas, estão a adotar um modelo de negócio esgotado. A tendência dos negócios, das marcas, do marketing e da comunicação é precisamente a oposta: "Como vivemos numa época de proliferação de culturas, as marcas têm de fazer escolhas. Não lhes é possível agradar simultaneamente a todas as pessoas, muitas vezes nem sequer a uma clara maioria delas"[1] . Não é por acaso que as marcas que têm feito maior sucesso nos últimos anos têm sido aquelas que souberam dirigir-se a nichos de mercado: Red Bull, Smart, Diesel, Apple ou Frize são apenas alguns exemplos.
 
No excelente livro 'A Cauda Longa', Chris Anderson explica porque é que o futuro dos negócios é vender menos de mais produtos, e traça o perfil desta nova economia da cultura e do comércio: os mercados fragmentam-se em inúmeros nichos, que se multiplicam à medida que os custos de produção e distribuição diminuem; por outro lado, os produtos de massas têm tendência a perder fulgor porque vendem cada vez em menores quantidades.
 
Um dos exemplos desta nova realidade é o comércio da música. A venda online de música alternativa – chamo-lhe 'alternativa' para a diferenciar dos hits – já representa uma quota superior à dos próprios hits. A título de exemplo, basta o iTunes vender apenas uma vez todas as músicas do seu stock, para isso representar mais de 20 milhões de músicas vendidas. Ou seja, a música alternativa toda junta tem já um valor económico superior ao dos hits.
[1] João Pinto e Castro, “Marketing Ombro a Ombro”, p. 41.
 
A diminuição dos custos de produção proporcionou a proliferação de diferentes estilos musicais, de inúmeros nichos e subculturas, e uma liberdade criativa sem paralelo na história da indústria discográfica: as editoras têm agora menos poder; os produtores deixaram de estar sujeitos aos caprichos dos A&R, ou quaisquer outros intermediários, e são cada vez mais independentes.
 
Com as lojas online, os custos da distribuição baixaram consideravelmente, resultando num preço de venda ao público bastante reduzido. Sendo a capacidade de armazenamento destas novas plataformas praticamente ilimitada, os seus stocks são gigantescos e permanentes. Resultado: nunca houve tanta música, tão diversificada, acessível e barata como hoje.
 
Mas se a música atual é tão variada, por que razão as discotecas andam todas a tocar o mesmo? É paradoxal que, numa indústria cultural cada vez mais tribalizada, as discotecas portuguesas apostem, como nunca, num modelo de negócio baseado em música para as massas, na música que mais vende no grande mercado – os chamados ‘hits’.
 
 
Apesar de reconhecer que é apenas um lado da realidade, vou arriscar três eventuais razões para este fenómeno.
 
Em primeiro lugar, porque "quando não se sabe para onde se quer ir, qualquer caminho serve para lá chegar". As discotecas são, salvo raras exceções, um modelo de negócio em que o amadorismo e o improviso imperam. Num negócio tão saturado como é o das discotecas, ainda continuam a abrir-se casas noturnas apenas porque sim: não se definem estratégias, não se traçam objetivos; tudo é deixado ao acaso. As discotecas não são geridas como empresas ou como marcas que precisam de ser valorizadas. Uma análise SWOT é ainda, para muitos empresários, um conceito exótico. E ao fim de tantos anos a trabalhar em discotecas, continuo a questionar-me como é que é possível haver tantos empresários com tão pouca sensibilidade para entender a música e as novas indústrias culturais, elementos basilares deste negócio.
 
Em segundo lugar, porque está enraizada a noção de que só a música popular – ou popularucha – é que tem público. É uma ideia muito repetida. Mas será verdadeira? Basta olharmos para os cartazes dos festivais de verão para percebermos que o grande público pode coexistir com as tribos. A programação de grande parte destes festivais assenta precisamente no equilíbrio entre as massas e os nichos de mercado. O Lux Frágil tem seguido uma estratégia idêntica. Mesmo aceitando a ideia de que só a música popular é que tem público, todos sabemos que a música, por si só, não enche uma casa. Quantas discotecas dirigidas para massas estão neste momento vazias ou afundadas em dívidas? Mesmo que não seja de forma consciente, todos temos a noção de que há outras variáveis em jogo.
 
Por fim, porque o recurso à música comercial parece, à primeira vista, o caminho mais fácil. A meu ver, é mais um grande equívoco. Nem toda a gente tem perfil ou está habilitada a trabalhar para as massas. O raciocínio dos empresários que olham para a música comercial como a grande panaceia é mais ou menos deste tipo: "A discoteca X toca música comercial. Está cheia. Logo, a minha discoteca, para estar cheia, tem de tocar música comercial". Esta argumentação é frágil porque a realidade é mais complexa. Há muitos outros elementos a ter em conta.
 

"Mesmo aceitando a ideia de que só a música popular é que tem público, todos sabemos que a música, por si só, não enche uma casa. Quantas discotecas dirigidas para massas estão neste momento vazias ou afundadas em dívidas?"

 
Não escondo que, numa sociedade cada vez mais fragmentada culturalmente, a música popular funciona como um poderoso agregador social. E esta é, quanto a mim, a chave para percebermos o fenómeno que estamos a viver. Mas o que me incomoda não é a música popular em si mesma. Eu também gosto de música comercial. O problema é que há cada vez menos espaço para a diferença. A repetição das mesmas fórmulas e a constante diminuição dos padrões de exigência, por falta de visão e criatividade, estão a transformar as discotecas em bailes de sede. E isso devia, por si só, fazer-nos refletir a todos.
 
Alex Santos
Publicado em Alex Santos
sexta, 05 abril 2013 14:50

Mudam-se os tempos, muda-se o respeito

 
Passo bastante tempo em estúdio e esse facto permite-me estar também atento ao que se passa nas redes sociais e internet. Ora algo que me tem vindo a intrigar nos últimos tempos, é a tremenda falta de respeito e facilidade com que os mais novos (talentosos ou não) artistas, tratam os mais velhos (maior parte com "cartas mais que dadas").

Eu compreendo o entusiasmo de alguns jovens, que conseguindo "imitar" a sonoridade de alguns artistas internacionais, são colocados em pedestais por amigos "facebookianos", que sendo igualmente joviais, não medem a "crítica exageradamente positiva".
 
Todos sabemos que colocar um preview musical no facebook leva a que 90% dos comentários sejam positivos, por razões óbvias. Ora essa situação não demonstra a realidade do talento artístico. Pelo menos no caso dos jovens. Mas acontece que estes jovens "artistas" ficam deslumbrados e pensam que podem argumentar, criticar e achar que apenas o que fazem está correcto e é bom.

Esta é uma situação grave. O respeito é um dos alicerces da inteligência e bem-estar entre "nós", seres pensantes.


Presenciei, recentemente uma bárbara situação em que um importantíssimo produtor foi "gozado", criticado e "escovado", até ao limite. Por quem?! Pois, aí é que está! Por quem ainda não mostrou/provou nada. Por quem ainda não tem sequer argumentos de "venda" artística e acima de tudo, e mais grave, por quem, ao pé de quem criticou é muito pequenino.

Esta é uma situação grave. O respeito é um dos alicerces da inteligência e bem-estar entre "nós", seres pensantes. Opiniões são opiniões, e todos somos livres de as ter, de as dar. Mas a crítica, a crítica é algo diferente e quando é dada com malícia, torna-se falta de respeito.

Gozar um artista que até já pouco tem a almejar, vindo de quem tem ainda tudo a almejar, é sinceramente e desculpem a expressão, mentecapto!

Estes "jovens" esquecem-se que editar uma música nos dias de hoje, não tem sequer um terço do valor que era editar há dez anos atrás. Porquê? Porque hoje em dia não tem custos, porque hoje é facílimo chegar às editoras, porque hoje, se "te enganares" num release, dois dias depois podes lançar uma nova. Porque hoje o risco para as editoras é quase nulo. E porque hoje, hoje até o youtube te ensina a "criar um hit"!
Com isto não significa que o talento tenha deixado de existir, porque existe e bastante, mas esse, esse não precisa de anos para "dar o salto" e afirmar.

Tentar subir uns degraus, difamando o mais velho é feio e no facebook, todos vêem!

Penso que colocar os pés bem assentes no chão e olhar o futuro com entusiasmo e "ganas" é o melhor caminho para os jovens, mas sempre a respeitar o próximo e o mais velho, pois esse, foi o que abriu portas para o "sonho"!
 
 
Publicado em Massivedrum
quarta, 15 julho 2020 21:35

Bares e Discotecas: Os Esquecidos

Festas ilegais em vivendas.
Festas ilegais na via pública.
Festas ilegais em bombas de gasolina.
Festas ilegais em todo o lado e os legais fechados e sem hipótese de trabalhar.

Que sentido faz hoje dia 15 de Julho, ainda não haver legislação para os Bares e Discotecas poderem trabalhar?
Que sentido faz querer turistas quando depois quando chegarem aqui a animação é idêntica a um cemitério?
Que destinos turísticos vivem ou sobrevivem sem animação?
Que sentido faz incentivar aglomerados de gente sem regras, sem cuidados sanitários, sem controlo?
Que sentido faz estar a incentivar a proliferação da pandemia em vez de evita-la?
Que sentido faz condenar milhares de empresas à falência?
E centenas de milhares de pessoas ao desemprego e à miséria?
Que tipo de sociedade estamos a criar?

Não reconhecer o direito das pessoas para se divertirem e obriga-las à clandestinidade, não é digno de um estado democrático.
Eu sei que conseguem fazer melhor.
Nós sabemos que até sabem.
Basta quererem.

Devolvam a vida a quem faz viver.
Não há dia, sem a noite.
 
Eliseu Correia
Empresário
Publicado em Eliseu Correia
quarta, 15 maio 2019 21:12

O melhor ainda está para vir

Quando recebi o convite da 100% DJ para escrever uma crónica de opinião, acabei por ser obrigado a fazer uma reflexão sobre todos os que estiveram, a determinada altura, presentes no meu percurso, ampliando o que fazia e por onde andava. Tenho pretensões de ser uma série de coisas, mas nenhuma delas passa por escrever. Deixo isso para a minha irmã Patrícia e para o meu pai, os profissionais do sector, mas sempre gostei de desafios e portanto vou dar o meu melhor, como é habitual, naquilo que me proponho fazer.

Com 40 anos feitos e tendo começado a trabalhar à noite aos 16 - como "apanha-copos" - no bar Amas do Cardeal, em Évora, pro bonno e por carolice, para aquele que veio a ser meu sócio e, ainda hoje, um dos meus melhores amigos, João Pedro Queiroga, terei uma quase obrigação de dar a minha visão da movida em Portugal.

Ao longo dos anos, do país e dos meus, assistimos a uma mudança de paradigma: É que diversão, é diversão e para satisfazer novos hábitos houve que conceber novos produtos. Daí, hoje existir uma ampla oferta, com muita qualidade, que passou para outros horários: matinés, sunsets, after work e por aí vamos... Hoje, estes produtos, são os meus preferidos. Gosto muito de ouvir grandes DJs e poder estar na cama à meia noite.  A idade é outra. Agora que penso nisso, é curioso: Em Évora, nos meus 14 ou 15 anos, os míticos 90’s, havia matinés ali à Rua Serpa Pinto. O álcool era-nos vedado e mesmo assim divertíamo-nos tanto!

A vida é feita de ciclos e voltei a ser um cliente de "matinés". Fuse e Bloop são aqueles que acompanho mais regularmente por fazerem um trabalho incrível e tropeço amiúde num esforço em fazer melhor, dar sempre alguma coisa de novo ao cliente, e, a cereja no topo do bolo, tudo feito com muita seriedade e profissionalismo. A qualidade dos artistas é do melhor que o panorama, neste caso de música electrónica, tem para oferecer. 

Hoje vivo em Lisboa e portanto é a realidade que tenho mais presente e por onde me movo mais vezes. No que diz respeito ao turno da noite, o tradicional, vejo uma grande melhoria nos últimos três anos. Acho que se assimilou que fazer ofertas iguais e tentar trabalhar sempre na zona de conforto ou naquilo que podia ser mais óbvio, já não chega para um público cada vez mais diversificado e exigente.
 
Fuse e Bloop são aqueles que acompanho mais regularmente por fazerem um trabalho incrível e tropeço amiúde num esforço em fazer melhor, dar sempre alguma coisa de novo ao cliente, e, a cereja no topo do bolo, tudo feito com muita seriedade e profissionalismo.

Actualmente temos bons clubes em todas as vertentes da música. O Kamala tem feito um trabalho incrível nas suas casas, o João Magalhães, este ano, conseguiu dar uma nova vida ao Mome. Lust e Urban atingiram as grandes massas e o Lux, como a grande referência no panorama alternativo em Portugal e lá fora, continua a dar cartas na nossa madrugada. Já não saio muito, mas quando o faço, tenho imenso por onde escolher e sempre bom.


Pensamos em casas ou empresários, mas não podemos deixar de falar de outros que são tão ou mais importantes para nivelar a oferta por cima. Hoje temos barmans e barmaids profissionais que fazem tudo com uma recém inaugurada qualidade. Este que vos escreve, foi, ele próprio, barman no Inox Clube em Évora e tudo o que fosse mais do que vodka com gelo e sumo de qualquer coisa, já não dava! Éramos todos assim! 

E na música, são tantos os DJs e tão bons, que acabam por contrariar aquela história de que qualquer um é DJ e blá-blá-blá. Essa mesma premissa, acabou por aumentar a vontade de tantos tentarem, é certo, mas uma grande parte deles apostou mais e melhor na profissão e permitiu usufruirmos todos de gente de grande valor em vários géneros de som. Saímos todos a ganhar! Destaco o curador do (meu) The Garden, o Moullinex e o meu grande amigo Audio Deep: O primeiro, um génio da música e o segundo, um dos melhores de Portugal, que está a começar a chegar aos sítios certos, para nosso gáudio.

Nem tudo são rosas e, para quem não está em Lisboa ou Porto, as coisas são realmente mais complicadas. Embora constate que, cada vez mais, estas produtoras, se atrevem a partir para o interior, descobrindo a grande qualidade de profissionais que lá se encontram. Se existe bom público, tem que existir bons profissionais, parece óbvio. O consumidor dá pouco por isso, mas é imperativo falar da importância das marcas dos produtos que se vendem habitualmente nestes espaços: Quando abri o primeiro bar, tinha cerca de 20 anos, o Pátio da Lua. Vendia, e tal como todos os outros empresários, não fazia a mínima ideia sobre quem estava por de trás das marcas de bebidas e dos seus distribuidores. Nós comprávamos, mais ou menos ao preço que nos queriam vender, aquilo que acreditávamos que o público consumiria. Mais à frente, no Praxis, a coisa foi piando de outra forma. Com a acrescida maturidade, tínhamos sempre alguém a trabalhar de perto connosco nas compras, a ajudar no que podia, para que os negócios fossem realmente vantajosos nos dois sentidos. Pensando nisto, só me vem à cabeça, com saudade, o grande Artur.
 
Hoje com Pernond Ricard, por exemplo, com quem trabalhamos, chego a vê-los como consultores... o Rúben, homem da marca, falou comigo sobre o The Garden, mais do que qualquer outra pessoa, antes e depois de abrir! E faz sentido: conhecem melhor o mercado que qualquer um dos proprietários e podem ajudar a criar um conceito único e não a tal cópia que ninguém quer. Afinal, são eles que, realmente, sabem o que todos os seus outros clientes vendem.
 
A boa nova é que já não há desculpas e aquilo que foi uma alavanca para o sucesso com utilizadores restritos e já poderosos, tornou-se acessível a todos, através do Marketing Digital.
A forma de nos comunicarmos também mudou e, por estes dias, todos o fazemos facilmente através de plataformas digitais. Qualquer um de nós consegue fazer campanhas produtivas, com sucesso e baixo custo e acima de tudo sustentáveis. Há vinte anos era impossível! Na Era pré redes, pré internet popularizada, não ganhávamos para publicidade eficiente. Ter um outdoor como o que tive em Évora era caríssimo! Colar mupies pela cidade, uma despesa faraónica, e aos jornais e revistas, mormente, nem acreditávamos chegar, tal era a despesa. O mercado da publicidade não estava feito (como ainda não está), nos meios tradicionais, para que empresas pequenas apostem na sua divulgação. A boa nova é que já não há desculpas e aquilo que foi uma alavanca para o sucesso com utilizadores restritos e já poderosos, tornou-se acessível a todos, através do Marketing Digital. Bons profissionais na área não faltam - a começar pela minha mulher!

Sim, nós cá por casa tendemos a agregar recursos para ficarmos mais fortes. Ou isso ou, pessoas com visão e futuro, agradam-se, naturalmente, umas às outras.

Voltando ao tema...

Atente-se, por outro lado, nos festivais. Temos muitos e tão bem produzidos, em diferentes regiões, do interior ao litoral, passando pelas ilhas, que passaram a ser bilhete postal para vender o Verão aos estrangeiros. Marcas internacionais em Portugal como o é o caso do BPM no Algarve ou do Rock in Rio em Lisboa ou nacionais - Nos Alive ou Super Bock e um rol de outros com tanta, mas tanta qualidade. Estamos a atravessar uma grande fase e creio que o melhor ainda está por vir! O mais fantástico é que, atrás desta transformação e desta maturidade, que inevitavelmente desaguarão num ainda maior sucesso, estão pessoas a aprender e a crescer, cheias de garra e com uma visão pluralista e abrangente do mundo, por isso não podemos estar mais confiantes no que virá.

Atualmente, ainda que como cliente, na maioria dos casos, tenho orgulho por pertencer a este sector e de tudo o que se tem inovado é realizado!

Beijos e abraços para todos e não se esqueçam: May the party be in you!
 
Francisco Rafael
Empreendedor
Publicado em Francisco Rafael
domingo, 10 março 2019 19:50

O Mercado DJ em Portugal

Ao contrário do que muitos defendem, acredito que o mercado nacional de música ainda tem muito a ganhar com artistas DJ nacionais. Que Portugal é um País com bastante talento musical já todos sabemos, nomeadamente na música eletrónica. 

O que é que está a mudar? Noto que grande parte dos artistas DJ já faz uma coisa que era impensável pela maioria no passado: Adaptam o estilo de música ao espaço/publico onde irão atuar. Há uns anos era quase um "crime" dizer a um DJ para tocar os géneros X ou Y, porque o "artista" tinha um estilo musical próprio e não se iria adaptar e "trair" o seu género musical ou "estragar" a sua imagem, ao adaptar-se musicalmente. 

Felizmente o tempo veio mudar algumas mentes mais teimosas e fê-los perceber: O que um evento quer é manter o máximo de tempo possível os clientes a divertir-se e satisfeitos. A maioria dos DJs tem de entender: Há eventos específicos onde o seu género musical é "rei" e aí não faz nenhum sentido adaptar ou fugir à essência que o define como artista. O problema é que estes eventos não são, para já, a maioria, e os eventos de massas têm pessoas que gostam de géneros díspares, desde Funk ao Rock...

O que é que esta mudança está a causar? Já podemos ver muitos eventos "Festas Anuais da Região X" a contratar artistas DJ em detrimento das típicas bandas ou artistas de música popular. Reparem, o que os eventos querem é diminuir ao máximo os seus custos, aumentando a satisfação dos participantes. Um DJ cobra 25% do que qualquer banda/artista de música popular, e não tem uma comitiva composta por meia dúzia de pessoas, ou mais. Há 5 anos era quase impensável que as comissões de festas, compostas geralmente por várias pessoas com mais de 40 anos, procurassem contratar DJs e estar a par desse segmento de mercado. Hoje em dia a mentalidade mudou.

Na DO HITS Agency, felizmente, conseguimos antecipar esta tendência. Nos últimos anos criámos conceitos, projetos e aconselhámos artistas parceiros a seguir o caminho que achávamos mais correto. Temos neste momento vários projectos DJ, não só ideais para eventos com um público-alvo específico, mas também variado (Feiras, Festas Regionais, etc.). No final ganha o evento, ganham os artistas DJ e criam-se mais oportunidades para ainda mais artistas DJ singrarem no mercado nacional. 

E por favor não cometam um erro habitual: Não se preocupem com a opinião dos outros "colegas DJ" por adaptarem musicalmente e tocarem géneros trending. Interessa sim o feedback do público e de quem contrata. Lembrem-se, se ninguém vos ouvir, é impossível criarem seguidores ou uma marca. Um DJ pode, ou não, ter uma vertente de produção musical, mas é impossível ser considerado DJ se não atuar ao vivo. 

PS: Gostei muito de assistir a Karetus a passar a música do Toy, ainda no início do verão. Quando há qualidade, até musicas "da moda" se sabe utilizar e adaptar ao seu público-alvo.
 
João Casaleiro
CEO Agência DO HITS
Publicado em João Casaleiro
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